PERGUNTAS FREQUENTES

© VINI ANDRADE

O que é o Programa Brasileiro de Reservas de Surf?

O Programa Brasileiro de Reservas de Surf (PBRS) tem como missão reconhecer, valorizar e conservar ondas icônicas e seus ecossistemas de surfe ao longo do litoral brasileiro através das Reservas Nacionais de Surf (RNS). O programa alinha o esporte à conservação e considera o potencial do surfe como vetor para a sensibilização e desenvolvimento sustentável da costa brasileira.

O que são as Reservas Nacionais de Surf (RNS)?

São espaços geograficamente propostos pelas comunidades locais destinados à valorização e conservação de ecossistemas de surfe icônicos. São promotoras da sustentabilidade e do protagonismo da cultura do surfe como vetor de desenvolvimento, conservação ambiental e promoção da qualidade de vida saudável.

Para que servem as Reservas Nacionais de Surf?

Como modelo inovador, alinhado com políticas públicas ambientais;

Contribui para o avanço de agendas climática, social e ambiental, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável;

Gera visibilidade e projeta a localidade definida, criando novos vetores  socioeconômicos atrativos  frente a um crescente público praticante e entusiasta da prática do surfe;

Funciona como um instrumento participativo de gestão ambiental e costeira;

Cria conexões internacionais com outras iniciativas como o Programa Mundial de Reservas de Surf e as National Surfing Reserves da Austrália;

Como serão reconhecidas as Reservas Nacionais de Surf?

Serão reconhecidas pelo Programa Brasileiro de Reservas de Surf através de quatro critérios:

1. Qualidade das ondas;

2. Cultura, história e desenvolvimento do surfe;

3. Características Sócio Ecológicas do ecossistema de surfe;

4. Engajamento comunitário, capacidade de governança e sustentabilidade da RNS.

Como serão geridas as Reservas Nacionais de Surf no Brasil?

A gestão será coordenada por um Comitê local, auto-organizado e representativo de diferentes setores da localidade, responsável pelo planejamento e gestão da RNS em longo prazo, contando com o suporte direto do Núcleo Executivo e orientado pelas diretrizes do PBRS. A base da gestão é ecossistêmica, uma abordagem integrada aliando conhecimento científico e tradicional para encontrar o equilíbrio entre conservação e uso sustentável.

Reservas Nacionais de surf são áreas protegidas legalmente?

Não, são áreas definidas voluntariamente pela comunidade local e não são criadas por lei. Porém, as RNS podem se sobrepor a outras áreas legalmente protegidas (como Unidades de Conservação e Área de Preservação Permanente). O conceito de Reservas de Surf baseia-se na definição de áreas protegidas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e nas diretrizes de conservação do patrimônio natural e cultural da UNESCO.

As Reservas Nacionais de Surf geram restrições normativas ou exclusividade de uso do local?

Não, muito pelo contrário. As RNS visam promover a inclusão e a participação de todos os cidadãos no usufruto e no dever de manter o ambiente ecologicamente saudável, essencial à sadia qualidade de vida e bem-estar. A RNS não impõe regras de restrição ou ordenamento de uso do território, porém serve para fortalecer a aplicação da legislação em vigor no que tange à gestão e valorização do meio ambiente, e uso de espaços coletivos.

Por que reconhecer Reservas Nacionais de Surf no Brasil?

O reconhecimento de uma RNS representa um diferencial de destaque,  que vem se mostrando como uma potente ferramenta ao redor do mundo para o fortalecimento da cultura surfe nos locais onde foram designadas Reservas de Surf (Mundiais e na Austrália). O grande diferencial da proposta do PBRS em relação aos programas internacionais é a previsão de apoio contínuo através de capacitações, monitoramento e da disponibilização, quando possível, de recursos para apoiar as atividades nas RNS. Além disso, o programa pretende dar oportunidade para que mais praias possam ser designadas como RNS.

Qual a importância da comunidade do surfe local na gestão de uma Reserva Nacional de Surf?

A comunidade do surfe local, compreendida como os praticantes, familiares e simpatizantes de todas as modalidades de surfe que usufruem das ondas, do ambiente costeiro e do estilo de vida ao ar livre, é a base da gestão e da realização dos objetivos de uma RNS. A comunidade local, auto organizada e mobilizada,  vai planejar e executar em longo prazo as medidas que achar necessárias para a proteção das ondas e dos ecossistemas do entorno bem como as melhores formas de promover o desenvolvimento sustentável através da articulação com instituições públicas e privadas da região.

Qual o valor de uma Reserva Nacional de Surf?

Trata-se de uma percepção pessoal e subjetiva. Provavelmente um valor inestimável. Porém economicamente é possível estabelecer parâmetros objetivos para calcular o potencial de geração de valor de uma RNS integrando diversos elos do mercado relacionado ao surfe, cada vez mais amplo e abrangente. Existem metodologias para mapeamento e levantamento de dados relacionados ao movimento econômico local gerado por picos icônicos de surfe que apontam resultados anuais milionários, gerando benefícios a todos os setores da sociedade. Esta estimativa de valor econômico gerado por uma RNS é uma ferramenta importante de gestão e tomada de decisão da comunidade local sobre o tipo de desenvolvimento que se busca para o local.

Qual a relação do surfe com a conservação ambiental?

O surfe é mais que um esporte. É cultura, estilo de vida e conexão com a natureza. O habitat natural dos surfistas são os ecossistemas de surfe, ou seja, o oceano, a praia, a orla e todos os ecossistemas do entorno que tornam cada lugar único e especial. Partindo do princípio de “quem ama cuida”, cabe aos surfistas de todas as idades, gêneros e modalidades exercerem sua cidadania ambiental e ser um exemplo para a sociedade na preservação, conservação e regeneração ambiental. O exercício da cidadania ambiental pressupõe o cumprimento de direitos e deveres ecológicos e envolve a participação e a cooperação para a efetivação de políticas públicas ambientais.

O que são ecossistemas de surfe?

Um ecossistema de surfe é formado por três componentes básicos: lugar, animais e pessoas. O lugar abrange o componente geofísico que inclui a geografia, a batimetria do fundo, o corredor de ondulação, ventos, os corpos d’água e todos os fatores que fazem a uma onda de qualidade especial quebrar. Também o componente biológico que integra  os ecossistemas, a biodiversidade de fauna e flora do local. Por fim, as pessoas que vivem a cultura e estilo de vida do local também integram o ecossistema de surfe. Essa simbiose ou interatividade são fatores que tornam cada lugar único e que valem a pena proteger.

Qual a importância do mercado do surfe para a conservação?

No mundo atual cada vez mais as empresas compreendem que precisam ter atenção e lidar com os impactos da sua cadeia de valor. Modelos de negócio começam a ser impulsionados quando impactos positivos são gerados pelas suas atividades e há um propósito maior do que apenas a geração de lucros. Clientes, funcionários, investidores, e diversos outros atores do círculo de influência das empresas cobram ações em benefício do planeta e das pessoas.

Assim, cabe ao mercado de surfe aproveitar as oportunidades e exercer sua responsabilidade socioambiental apoiando e investindo recursos também como forma de retribuição ao oceano e à natureza adjacente visando deixar um legado positivo perpétuo das suas atividades para as presentes e futuras gerações. Quando boas sementes são plantadas e cuidadas a colheita dos frutos é certa e permanente.