Brasil celebra avanço histórico com a titulação das quatro primeiras Reservas Nacionais de Surf

Brasil celebra avanço histórico com a titulação das quatro primeiras Reservas Nacionais de Surf
agosto 12, 2025 Fernanda

Mais de 1.500 pessoas participaram das celebrações e oficinas que oficializaram as Reservas Nacionais de Surf de Itamambuca (SP), Francês (AL), Moçambique (SC) e Regência (ES), marcos do Programa Brasileiro de Reservas de Surf (PBRS)

O Brasil vive um momento histórico na conservação costeira e na valorização da cultura do surf. Entre maio e julho de 2025, quatro praias icônicas do país foram oficialmente tituladas como Reservas Nacionais de Surf (RNS), consolidando o primeiro ciclo do Programa Brasileiro de Reservas de Surf (PBRS) — uma iniciativa coordenada pelo Instituto APRENDER Ecologia, em parceria estratégica com a Conservação Internacional (CI-Brasil) no âmbito do projeto Ondas da Conservação.

As Oficinas de Integração e Planejamento Participativo — que reuniram mais de cem participantes da comunidade e de instituições parceiras (ICMBio, secretarias municipais, organizações não governamentais, academia, etc) foram reconhecidas como parte da Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (Ocean Decade), coordenada pela UNESCO. Estes momentos promoveram diálogos profundo entre saberes locais, ciência e políticas públicas.

Quatro Reservas, quatro celebrações, um mesmo propósito

Itamambuca (Ubatuba – SP)

A primeira a ser titulada, Itamambuca celebrou sua conquista em maio, após dois dias de oficina que reuniram surfistas, lideranças comunitárias e gestores ambientais. A celebração contou com limpeza de praia, prática de ioga, protesto contra a verticalização da orla e o abraço simbólico no outside, reunindo cerca de 300 pessoas. O totem da RNS, criado por um artista local, simboliza a união entre as culturas indígena, quilombola e caiçara, conectadas pelo surf.

Praia do Francês (Marechal Deodoro – AL)

Primeira Reserva Nacional de Surf do Nordeste, a RNS Francês reuniu cerca de 300 pessoas em uma grande celebração na Vila dos Pescadores. A oficina destacou temas como turismo de base comunitária, gestão de resíduos e conservação da restinga e arrecifes. O evento marcou também o lançamento do Instituto Surf Carapeba, que coordenará o Comitê de Gestão Local e já atua em projetos socioambientais liderados por mulheres, como o Maré Delas.

Moçambique (Florianópolis – SC)

A maior praia da Ilha de Santa Catarina foi palco de uma mobilização com mais de 400 participantes, reafirmando sua identidade ecológica e cultural. A oficina debateu o equilíbrio entre conservação e desenvolvimento, com foco em saneamento, controle de espécies invasoras e geração de renda sustentável. A celebração no Dia Mundial dos Oceanos reuniu surfistas, artistas e amantes da natureza, com mensagens de apoio de nomes como Tom Carroll e Andrew Short, do Programa Australiano de Reservas de Surf.

Regência (Linhares – ES)

Encerrando o ciclo em julho, a RNS Regência celebrou sua titulação na foz do Rio Doce, território marcado pela força da natureza e da cultura local. A oficina mobilizou 33 participantes e priorizou ações para a educação ambiental, monitoramento do Rio Doce e valorização das manifestações tradicionais. A cerimônia reuniu autoridades, surfistas e a comunidade local, marcando uma vitória simbólica para uma região ainda impactada pelo desastre de Mariana.

Um modelo brasileiro de gestão costeira

Com as quatro titulações e oficinas participativas concluídas, o PBRS avança no fortalecimento da gestão descentralizada e comunitária das Reservas de Surf. Foram gerados relatórios das oficina e mapas de delimitação das RNS que servirão de base para os Planos de Gestão das RNS. Estes documentos refletem um processo de construção coletiva que une surfistas, gestores públicos, pesquisadores e moradores em torno de objetivos comuns: proteger as ondas, conservar os ecossistemas costeiros e promover o uso sustentável das praias. Os planos serão publicados até o final do ano, e então projetos poderão ser viabilizados para lidar com as ações prioritárias identificadas na fase anterior de planejamento.

Mais do que um marco esportivo ou ambiental, as Reservas Nacionais de Surf representam uma nova forma de planejar e gerir o território costeiro, onde o surf atua como vetor de desenvolvimento sustentável, identidade cultural e cidadania ambiental. Esse modelo descentralizado e comunitário reforça o papel das Reservas como laboratórios vivos de soluções baseadas na natureza, que inspiram políticas públicas voltadas à resiliência climática, educação ambiental e economia regenerativa.

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Créditos das imagens: Natasha Villela @natavillela / Bruno Maia @bmaia320 / Gabriel Oveira @rastafilms / Cadu Fagundes @artenaturelimagens / Fabricio Almeida @aprenderecologia

Estas atividades fazem parte do Programa Brasileiro de Reservas de Surf (PBRS), idealizado e coordenado pelo Instituto APRENDER Ecologia. A Conservação Internacional (CI-Brasil) é parceira estratégica por meio do projeto Ondas da Conservação. Nosso objetivo é fortalecer as comunidades locais das Reservas Nacionais de Surf na gestão, conservação e restauração de ecossistemas costeiros, a partir do esporte, cultura e economia local.

Sobre o Instituto APRENDER Ecologia
Fundado em 2000, o Instituto APRENDER Ecologia é uma associação civil com sede em Florianópolis (SC), que atua em redes colaborativas e com visão sistêmica, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Idealizou e coordena o Programa Brasileiro de Reservas de Surf, com a missão de reconhecer, valorizar e conservar ondas icônicas e seus ecossistemas de surf ao longo do litoral brasileiro. Em 2025, quatro praias brasileiras receberam o título de Reservas Nacional de Surf: Itamambuca (SP), Francês (AL), Moçambique (SC) e Regência (ES).

Sobre a CI-Brasil
Sobre a Conservação Internacional (CI-Brasil) – A Conservação Internacional (CI-Brasil) é uma organização sem fins lucrativos que usa ciência, política e parcerias para proteger a natureza da qual as pessoas dependem para obter alimentos, água doce e meios de subsistência. Desde 1990 no Brasil, a Conservação Internacional trabalha em mais de 30 países em seis continentes para garantir um planeta saudável e próspero, que sustenta a todos. Mais informações: www.conservacao.org.br