Oficinas de planejamento do Programa Brasileiro de Reservas de Surf (PBRS) recebem reconhecimento internacional da ONU

Oficinas de planejamento do Programa Brasileiro de Reservas de Surf (PBRS) recebem reconhecimento internacional da ONU
junho 14, 2025 Fernanda

Metodologia brasileira aplicada nas Reservas Nacionais de Surf integra oficialmente a Década dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável da ONU e mobiliza comunidades

Foto: Oficina RNS Itamambuca/APRENDER Ecologia

As oficinas de integração e planejamento participativo das Reservas Nacionais de Surf, desenvolvidas pelo Programa Brasileiro de Reservas de Surf (PBRS), receberam reconhecimento oficial como atividade da Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (Ocean Decade), iniciativa coordenada pela Unesco que reúne ações globais de 2021 a 2030.

O reconhecimento chancela a metodologia proprietária criada pelo Núcleo Executivo do PBRS, vinculado à Diretoria do Instituto Aprender Ecologia, que tem se destacado como modelo inovador de governança participativa nas Reservas Nacionais de Surf, unindo ciência, poder público e engajamento comunitário. De acordo com o coordenador de Impacto do PBRS, Diego Alvarez, “Ao unir cultura oceânica, ciência aplicada e engajamento social, o PBRS oferece uma contribuição única à Década do Oceano e ao fortalecimento de uma nova relação entre a sociedade brasileira e seus ecossistemas costeiros e marinhos”.

Com o selo oficial da ONU, o trabalho desenvolvido pelo PBRS passa agora a integrar formalmente a Década dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável, alinhando-se aos grandes esforços globais de conservação dos ecossistemas marinhos e costeiros. As atividades reconhecidas pela ONU ocorrem entre 15 de maio e 27 de julho de 2025, com divulgação internacional nos canais oficiais da Ocean Decade.

Inspirado em experiências internacionais, idealizado pelo Instituto Aprender Ecologia e, desde 2022, com a Parceria Estratégica da Conservação Internacional (CI-Brasil), o Programa Brasileiro de Reservas de Surf, valoriza as praias como patrimônios naturais e culturais do Brasil. As oficinas fazem parte das ações do projeto Enhancing Coastal Stewardship & Management in Brazil, um projeto em parceria com a CI-Brasil, que visa a criação e consolidação das Reservas Nacionais de Surf e do fortalecimento de uma rede nacional integrada, como estratégia de conservação marinha e gestão costeira.

Foto: Oficina RNS Francês/APRENDER Ecologia

“O resultado das oficinas é um planejamento com ações voltadas para a conservação de ecossistemas vitais não somente à prática do surfe, mas que contribuem para o enfrentamento da crise do clima e perda da biodiversidade, ampliando a resiliência dos ecossistemas e dos modos de vida associados ao comunidades costeiras do nosso litoral” diz Renan Alves, Gerente de Projetos da Conservação Internacional.

“Com metodologia participativa e abordagem ecossistêmica, as oficinas de integração e planejamento participativo das Reservas Nacionais de Surf reúnem surfistas locais, atores comunitários, especialistas e representantes institucionais em um processo colaborativo. A atividade tem como objetivos a definição do perímetro das RNS, o estabelecimento de diretrizes estratégicas e ações prioritárias, além da formação do Comitê de Gestão Local. A oficina estimula o engajamento coletivo, o protagonismo da comunidade do surfe e o senso de pertencimento, promovendo o diálogo entre diferentes saberes em busca de consensos para a conservação, o uso sustentável e a valorização dos ecossistemas de surfe, patrimônio nacional”, explica Rafael Goidanich, fundador do Instituto Aprender Ecologia.

Mobilização local
Nos últimos meses, a aplicação prática dessa metodologia mobilizou diversas comunidades e autoridades locais. Em Itamambuca, litoral norte de São Paulo, as atividades ocorreram entre 15 e 17 de maio de 2025, com uma oficina de planejamento, realizada em dois dias e que reuniu 19 participantes e contou com o envolvimento de oito patrocinadores e representantes de 23 instituições, como Onda Viva, Sociedade Amigos de Itamambuca, Instituto de Cultura Oceânica, Fiocruz, Fundação Florestal e Instituto Argonauta, entre outras. Na sequência, uma celebração oficial reuniu cerca de 250 pessoas, seguida por uma festa comunitária com participação de aproximadamente 350 moradores e visitantes. Entre as ações ambientais, um mutirão de limpeza retirou 5,02 toneladas de resíduos da praia.

Foto: Nathasha @natavillela

Durante o evento, a comunidade organizou ainda um abraço simbólico no outside do tradicional pico de surfe do costão direito, local emblemático onde a Mata Atlântica encontra o oceano, em defesa da proteção da orla contra a verticalização. A agenda oficial incluiu também uma reunião com a Secretaria de Turismo e a Secretaria de Esporte da Prefeitura Municipal de Ubatuba.

Na Praia do Francês, em Marechal Deodoro, Alagoas, a oficina de planejamento reuniu 29 participantes, com ampla presença de representantes institucionais locais e o apoio de 17 patrocinadores. A celebração comunitária contou com a presença de aproximadamente 300 pessoas. Também foram plantadas 61 mudas de espécies nativas da restinga como parte das ações de educação ambiental. Na frente institucional, a programação incluiu uma reunião com o prefeito municipal, o presidente da Câmara de Vereadores e três vereadores de Marechal Deodoro, reunindo 20 participantes e evidenciando o engajamento político local no fortalecimento da governança da reserva.

Foto: Oficina RNS Moçambique/Cadu Fagundes

No último domingo, 8 de junho, Dia Mundial dos Oceanos, a Praia do Moçambique, em Florianópolis realizou uma programação especial para celebrar a titulação e reuniu um público superior a 400 pessoas na atividades culturais. Além disso, 35 participaram das oficinas de planejamento e o grupo realizou e celebração ao Dia Mundial dos Oceanos. A ação foi realizada em conjunto pela Rede Ambiental Comunitária, formada pelo Instituto Save Planet (ISP), Associação de Surf da Praia do Moçambique (ASM) e Associação Surf Sem Fronteiras (ASSF).

Para finalizar, a Praia de Regência, no Espirito Santo receberá as oficinas e a titulação nos dias 25 a 27 de julho. Vale destacar que a praia da Guarda do Embaú, em Palhoça, também compõe a rede, pois desde 2019 é considerada uma “Reserva Mundial de Surf” pelo programa da ONG Save The Waves Coalition, parceiro do Programa Brasileiro Reservas de Surf – PBRS.

Sobre o Instituto APRENDER Ecologia – O Instituto APRENDER Ecologia é uma associação civil de caráter ecológico, pacifista, educativo, esportivo, cultural e científico fundada no ano 2000 e sediada em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. 

Sobre a Conservação Internacional (CI-Brasil) – A Conservação Internacional (CI-Brasil) é uma organização sem fins lucrativos que usa ciência, política e parcerias para proteger a natureza da qual as pessoas dependem para obter alimentos, água doce e meios de subsistência. Desde 1990 no Brasil, a Conservação Internacional trabalha em mais de 30 países em seis continentes para garantir um planeta saudável e próspero, que sustenta a todos. Mais informações: www.conservacao.org.br

Imagem em destaque: Nathasha @natavillela